Sobre informação, propaganda<br>e comunicações electrónicas

Carlos Gonçalves
Membro da Comissão Política do Comité Central

O mundo vive uma acen­tu­a­dada agu­di­zação da luta de classes. No plano ide­o­ló­gico e co­mu­ni­ca­ci­onal a ofen­siva im­pe­ri­a­lista, apoiada na rede de mul­ti­na­ci­o­nais da co­mu­ni­cação, as­sume enorme di­mensão, com o ob­jec­tivo de mis­ti­ficar a na­tu­reza ex­plo­ra­dora e opres­sora do ca­pi­ta­lismo e ocultar o ideal e o pro­jecto co­mu­nista.

No nosso País, o con­trolo pelo ca­pital mo­no­po­lista dos prin­ci­pais meios de co­mu­ni­cação, que se impõe de­nun­ciar e com­bater, fez deles um po­de­roso ins­tru­mento de do­mi­nação ide­o­ló­gica.

Na nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal, apesar das li­mi­ta­ções do go­verno PS, in­ten­si­ficou-se a ofen­siva para re­verter o pro­cesso em curso de de­fesa, re­cu­pe­ração e con­quista de di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, e para tentar im­pedir que se crie con­di­ções para a po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda de que o País pre­cisa e para o re­forço do Par­tido.

Do ar­senal dessa ofen­siva ide­o­ló­gica re­leva o an­ti­co­mu­nismo e a pro­moção des­me­dida dos cucos que visam tapar o PCP e sua in­ter­venção.

A sis­te­má­tica ocul­tação, dis­cri­mi­nação, de­tur­pação e ca­ri­ca­tura do Par­tido na co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante, num coro afi­nado e co­man­dado de longe, tem im­pacto ne­ga­tivo na cons­ci­ência po­lí­tica dos tra­ba­lha­dores e do povo.

A pre­gação me­diá­tica da men­tira or­ga­ni­zada, das ine­vi­ta­bi­li­dades e da re­sig­nação, a pro­moção de con­teúdos e pro­ta­go­nistas ao ser­viço do grande ca­pital im­põem o es­cla­re­ci­mento, a de­núncia e o pro­testo.

E exigem ao Par­tido uma in­ter­venção junto da co­mu­ni­cação so­cial, per­sis­tente, cui­dada e di­ri­gida, no plano po­lí­tico e ide­o­ló­gico, re­pondo a ver­dade e afir­mando as nossas po­si­ções, pro­postas e ini­ci­a­tivas.

Re­la­ti­va­mente a ou­tras forças po­lí­ticas, a in­for­mação e pro­pa­ganda do nosso Par­tido as­sume os ele­mentos des­tin­tivos da nossa base teó­rica, iden­ti­dade e pro­jecto e da nossa ex­pe­ri­ência re­vo­lu­ci­o­nária.

O PCP tem cri­té­rios de rigor e ver­dade e pro­cura que, no con­teúdo e na forma – es­crita, fixa, au­di­o­vi­sual ou elec­tró­nica – a acção de in­for­mação e pro­pa­ganda seja clara, im­pres­siva, opor­tuna e eficaz, uma fer­ra­menta de es­cla­re­ci­mento e li­gação às massas e à sua luta, de in­ter­venção e re­forço do Par­tido.

Deve ser uma ta­refa de todo o Par­tido, dos or­ga­nismos res­pon­sá­veis, cen­trais e re­gi­o­nais, e de todos os mi­li­tantes, uma ta­refa que tem avan­çado, mas que é ne­ces­sário me­lhorar, po­ten­ci­ando re­cursos, forças e sa­beres, e ar­ti­cu­lando com os avanços da or­ga­ni­zação.

Neste quadro de mis­ti­fi­cação ide­o­ló­gica e dis­cri­mi­nação in­for­ma­tiva, é ainda mais de­ci­sivo que a men­sagem do Par­tido seja con­cre­ti­zada em tempo útil, para es­cla­recer as ato­ardas do grande ca­pital e dos seus ins­tru­mentos.

Con­ti­nuar a avançar

As ac­ções e cam­pa­nhas na­ci­o­nais de pro­pa­ganda têm grande im­por­tância na uni­fi­cação da in­ter­venção do Par­tido, mas é também muito im­por­tante a in­for­mação das cé­lulas e or­ga­ni­za­ções de base aos tra­ba­lha­dores e às po­pu­la­ções, in­ter­vindo nos pro­blemas con­cretos.

Por exemplo, na cam­panha «mais di­reitos, mais fu­turo, não à pre­ca­ri­e­dade», é ne­ces­sário ir ainda mais fundo na de­núncia das ini­qui­dades em tantas em­presas, com efeitos po­si­tivos na luta, na vida dos tra­ba­lha­dores e no pres­tígio do Par­tido.

É uma questão cen­tral, de de­fesa de di­reitos cons­ti­tu­ci­o­nais e dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, pros­se­guir o com­bate às dis­cri­mi­na­ções, ile­ga­li­dades e ten­ta­tivas de im­pedir a li­ber­dade de acção e ex­pressão do Par­tido e a sua pro­pa­ganda.

As co­mu­ni­ca­ções elec­tró­nicas via In­ternet são con­tro­ladas por trans­na­ci­o­nais (para não falar das agên­cias de es­pi­o­nagem do im­pe­ri­a­lismo), o que tem de ser des­mas­ca­rado e com­ba­tido com de­ter­mi­nação, mas ainda assim ca­ma­radas, as co­mu­ni­ca­ções elec­tró­nicas são um meio de in­ter­venção im­por­tante na co­mu­ni­cação, in­for­mação e pro­pa­ganda do Par­tido.

Esta é uma di­recção de tra­balho que não pode ser ig­no­rada nem ab­so­lu­ti­zada e que co­loca exi­gên­cias es­pe­cí­ficas, que vamos con­ti­nuar a apro­fundar e es­tru­turar.

O sítio do PCP na In­ternet e ou­tras pá­ginas na rede, no­me­a­da­mente re­gi­o­nais, têm de alargar o seu papel na di­vul­gação da in­ter­venção do Par­tido. Im­porta po­ten­ciar o que existe, ava­liar ca­pa­ci­dades e ex­pe­ri­ên­cias nas redes so­ciais, en­volver o co­lec­tivo e con­ti­nuar a avançar.

É ne­ces­sário formar qua­dros, avançar na in­for­mação para grupos es­pe­cí­ficos, ga­rantir a co­e­rência da men­sagem e ar­ti­cular a pre­sença do PCP na In­ternet com a in­ter­venção dos co­mu­nistas nas redes so­ciais, as­su­mindo sempre as po­si­ções do Par­tido e alar­gando a sua in­fluência. Para que se con­cre­tize em Por­tugal uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, no rumo da de­mo­cracia avan­çada, do so­ci­a­lismo e do co­mu­nismo.

 



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